As histórias da nossa política são iguais aos contos de fadas que são todos iguais entre si.
Na
nossa politica existem Califas tiranetes, com Vizires que desejam ser
Califas no lugar dos Califas. Rainhas más que consultam e tentam dominar
espelhos mágicos que pronunciam verdades que muitas vezes constroem
eles próprios. Falo da nossa imprensa, sempre hesitante entre a “notícia
sensação”, o bajular do poder, e o reflectir acerca das realidades
nacionais.
Existem anõezinhos guindados ao poder funcionando em lobby
de anõezinhos que parecem gigantes no topo dos pés de feijão das
empresas e organismos públicos ou nas direcções de bancos, ainda que
privados.
Há
a galinha dos ovos de ouro que todos os dias é morta pelo lucro fácil,
pela promoção duvidosa, pela reforma antecipada e choruda, pelo cargo de
direcção imerecido.
Há as princesécas
ou Moiras encantadas, encerradas no alto de torres de cristal
televisivo de onde debitam os seus comentários políticos, sem
contraditório ou com ele e de onde nunca saem para provar que saber
comentar é o mesmo que saber fazer.
Há o Rei que do seu palácio se dirige ao Povo de quando em vez e que escolhe mal os conselheiros.
Há
soldadinhos de chumbo (já não no serviço militar obrigatório mas ainda
assim de chumbo) a prestar serviço em países distantes e que aqui pouco
ou nada fazem de realmente útil.
Temos
sapos que se transformam em príncipes encantados ou patinhos feios que
se tornam cisnes temporários mas que pouco depois retornam ao seu estado
inicial e desaparecem em exílios dourados, sem fama mas com fortuna ou
com cargos em organismos internacionais.
Há
lobos maus, sempre a soprarem contra tudo. Lobos a que todos conhecem
os côvís, a existência, os actos e o paradeiro mas que os caçadores não
conseguem apanhar em investigação alguma; nem com apitos mágicos e
doirados, nem com casas pias que nunca foram feitas de outro chocolate
que não fosse o mais amargo.
Temos
a nossa Rainha-mãe de bochechas proeminentes e que não sabe que já não
reina mas que nunca se cala a propósito de tudo e de nada; Que se
arrasta adormecendo nas ocasiões solenes e que tem apenas Só-ares de
saber o que diz.
Não
nos faltam sequer os bobos da corte que todos os dias aparecem
travestidos de figura pública das artes e do entretenimento em capas de
revistas e em shows onde dançam, cantam e (imagine-se) até falam de
política num círculo viciado em que todos se entrevistam e se elogiam a
todos.
E temos Manuel Alegre.
Indeciso, como sempre, entre qual o papel que pretende representar neste conto de F_das!
Já
quis ser Califa no lugar do Califa; Já foi Príncipe herdeiro deserdado
pela rainha-mãe. Já foi Édipo a querer matar o pai. Já foi Caím que mata
Abel e Abel politicamente assassinado por Caím.
Ora
se apresenta como Raposinha Matreira, ora como Cavaleiro Branco,
paladino dos fracos a quem esquece logo que volta a ser a raposa. Já foi
Urso urrante, a gritar que a sí ninguém o cala. Mas calou-se sempre que
assumiu o papel de pretendente a Rei.
Já
foi o Soldadinho de Chumbo na reserva intelectual; o Mago da Corte das
letras; o Conspirador da Corte; o Herói Breve; o Grande General retirado
em exílio doirado de onde haveria de sair em dia de nevoeiro.
Já
foi a Bela Adormecida que acordaria apenas com um beijo do Povo que
nunca o beijou e acordou sozinho do outro lado do espelho da Alice, mas
longe do País das Maravilhas.
Já pregou no deserto e ainda prega.
Actualmente
é uma Cinderela a querer impôr-se à Fada Madrinha e rodear-se de
Ratinhos que hão-de ajudá-lo a tentar vingar-se da madrasta e das irmãs
que o rejeitaram nas eleições anteriores
Nenhum comentário:
Postar um comentário