A Educação Superior e a “Pátria Educadora”
Não podemos esquecer a necessidade de solucionar a crônica crise das universidades federais, abaladas pelos contingenciamentos frequentes
A educação pode ser vista, de forma simplificada, como um processo pelo qual a sociedade passa para as futuras gerações, conscientemente e forma sistêmica, o conhecimento acumulado, evitando a necessidade de “redescobrir” a cada geração o que já foi desenvolvido pelas anteriores.
A educação superior, em particular, é fortemente influenciada pelos resultados das pesquisas e da inovação geradas nas bancadas de laboratórios da indústria e também das universidades.
A construção de políticas públicas na educação superior veio com universalização do acesso à educação básica, que provocou uma expressiva demanda aos cursos.
A democratização do acesso e o aumento da relevância da pesquisa e da inovação criaram novas missões para as universidades.
A universidade deixou abandonou o modelo de Humboldt e ampliou a articulação com a sociedade, apoiando as indústrias inovadoras, porque estas necessitam agregar valor aos seus produtos. Elas também passaram a contribuir para o bem-estar social e para a melhor qualidade de vida. A extensão tornou-se importante ao deixar as ações paternalistas e não acadêmicas de lado, permitindo que o aprofundamento de conhecimentos por meio das demandas da sociedade, e contribuindo para o desenvolvimento regional, ao transferir para esta os resultados da sua produção.
Finalmente, as universidades passaram a se preocupar com modelos pedagógicos que permitam a formação de grandes contingentes de estudantes, com a aplicação das novas tecnologias de informação e de comunicação.
Um problema para as nossas universidades é que, apesar de todas as ferramentas trazidas pela computação, o processo ensino-aprendizagem está exaurido e muito mais próximo dos adotados no século XIX.
A educação superior em nosso país ainda é “rarefeita”, porque mais de 60% de municípios não tem qualquer acesso à educação superior, mesmo na modalidade a distância.
A matrícula brasileira representa hoje 18% do percentual de jovens em idade para cursar a universidade. A expansão torna-se, portanto, essencial para que atinjamos a meta do Plano Nacional de Educação de pelo menos 30% de jovens entre 18 e 24 anos matriculados nos cursos superiores.
A interiorização das matrículas, o incremento da oferta da educação a distância, a organização da oferta por meio de editais, e uma relação mais estreita com o sistema privado, que este responde por 80% das matrículas, devem ser priorizadas.
Necessitamos de mudanças curriculares urgentes, porque as nossas diretrizes foram elaboradas há mais de 10 anos e já não atendem as tendências verificadas ao longo deste período.
As vocações institucionais e as peculiaridades regionais exigem novos currículos, mais flexíveis, e que propiciem aos egressos as competências e habilidades requeridas para o exercício profissional.
No recredenciamento das universidades deveria ser obrigatório, além das regras atuais, a oferta de licenciaturas e programas de qualificação de professores para o ensino básico.
Também é imperioso aproximar mais as universidades e o setor produtivo, de modo a conhecer as necessidades de formação de quadros e a promover a realização de projetos colaborativos entre as duas partes.
Por fim, não podemos esquecer a necessidade de solucionar a crônica crise das universidades federais, abaladas pelos contingenciamentos frequentes.
Estes são alguns dos difíceis desafios colocados pela educação superior, mas são boas lutas, porque nos conduzirão ao desenvolvimento.
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