Itaipava: Movimentos emancipacionistas perdem força na cidade
Dependendo do que acontecer na Câmara dos Deputados no dia 4 de junho, o
país poderá assistir, nos próximos meses, à criação de 410 municípios.
Isso porque tramita no Congresso um projeto de lei complementar (PLC)
para devolver às assembleias legislativas o poder de criar novos
municípios, o que facilitaria o processo. Hoje cabe a deputados federais
e senadores a decisão. Em Petrópolis, nos anos seguintes à emancipação
de São José do Vale do Rio Preto, em 1987, houve um movimento para que
Itaipava também virasse uma nova cidade, mas a reivindicação foi
perdendo força ao longo do tempo.
Vereador com base eleitoral na Posse, Ronaldo Ramos (PTC) afirma que,
até uns dez anos atrás, falava-se muito nos distritos sobre emancipação,
mas, desde então, o debate vem diminuindo.
- Hoje não vem mais ninguém falando sobre isso – disse o vereador.
O presidente do Instituto Pró-Petrópolis, Philippe Guedon, concorda.
- Já houve um movimento muito forte de emancipação dos distritos, mas o
movimento arrefeceu muito, até pelo bom senso da comunidade – disse
Guedon. – Acho que tem que unir, fazer uma unidade, e não separar. Criar
pequenos novos municípios é loucura, não têm IPTU, ISS, então vivem do
que manda o governo federal.
Já o vereador Vadinho (PSB), com base eleitoral em Pedro do Rio,
acredita que hoje ainda exista um movimento defendendo a emancipação dos
distritos. Ele é um dos que são favoráveis.
- Acho que hoje os distritos estão querendo se emancipar de Petrópolis.
Seria bom para o terceiro (Itaipava), o quarto (Pedro do Rio) e o quinto
(Posse) distritos. É uma área que tem para onde se expandir. Ajudaria
no desenvolvimento da região – disse Vadinho. – Itaipava hoje já é um
polo. Tem fórum, delegacia, bancos. Está faltando um hospital.
Plebiscito
Para Philippe Guedon, uma decisão como essa, que afetaria tanto a
população de um possível novo município quando a do já existente, não
deveria ser nem de senadores e deputados federais, nem de deputados
estaduais. Ele defende um plebiscito, para que a população decidisse.
- O critério para a criação de municípios deveria ser o voto das
pessoas. Mas quanto mais a legislação fala de gestão participativa, mais
o Congresso procura levar para ele decisões motivadas por interesses
políticos, e não por interesse das pessoas diretamente envolvidas –
disse Guedon.
Guedon afirma que a Justiça Eleitoral resiste à realização de
plebiscitos por causa dos custos que envolveriam os pleitos. Entretanto,
ele argumentou que o plebiscito sobre a criação de novos municípios
poderia ser feito junto com a eleição municipal ou com a eleição
regional.
- Que negócio
é esse de democracia em que as pessoas não votam em nada de importante?
O que é mais importante: votar em um vereador ou decidir pela
emancipação ou não de um distrito? – disse Guedon. – Seria mais útil que
o Congresso fizesse uma lei disciplinando o plebiscito, para não
encarecer o processo.
Vadinho acredita que, em um eventual plebiscito, o processo pela
emancipação sairia derrotado, já que há mais moradores no primeiro
(Centro e arredores) e no segundo (Cascatinha) distritos de Petrópolis
do que em Itaipava, Pedro do Rio e Posse.
Novas estruturas
Ponderando que, na prática, não é simples criar um novo município,
Ronaldo Ramos lembrou que a emancipação pode trazer problemas, como, por
exemplo, a tarifa de ônibus entre as duas regiões, que passaria a ser
intermunicipal, ou seja, mais cara.
- Às vezes, você não tem estrutura naquela região. Para criar um novo
município, você precisa ter uma rede hospitalar. A emancipação traz
alguns conflitos, como o novo município tendo que usar a estrutura dos
vizinhos, como delegacias, por exemplo – disse Ronaldo.
Philippe Guedon critica o gasto público que representaria uma nova
administração municipal. Guedon, que já foi presidente do Instituto de
Previdência e Assistência Social dos Servidores Públicos de Petrópolis
(Inpas), lembrou que, com a emancipação de São José do Vale do Rio
Preto, servidores municipais que eram de Petrópolis passaram a ser do
novo município, mas se aposentaram em Petrópolis.
- Não adianta fazer um município muito pequeno. Vai se sustentar como?
Já temos um rombo muito grande. Vai piorar a situação? Temos 11, 12 mil
servidores hoje em Petrópolis. Vai ter mais seis mil em Itaipava? –
disse Guedon.
São José do Vale do Rio Preto
Segundo o Censo 2010 do IBGE, o ex-distrito de Petrópolis São José do
Vale do Rio Preto tem uma área de um pouco mais que 220 quilômetros
quadrados e cerca de 20 mil habitantes, enquanto que Petrópolis tem
quase 300 mil habitantes e 796 quilômetros quadrados.
Apesar de preferir “consertar os nossos problemas” do que criar novos
municípios, Guedon admite que o caso de São José do Vale do Rio Preto é
diferente.
- São José é um caso particular, porque é longe. Não tem uma
continuidade. Você pega uma estrada, a Silveira da Mota, para chegar lá.
Acho pequeno demais para ser um município, mas reconheço que tem
particularidades – disse Guedon.
- Em São José do Vale do Rio Preto, melhorou muita coisa. Até pela
distância que tinha da sede até lá. É muito longe. A distância foi o que
mais pesou, porque dificultava o poder público a levar os serviços para
lá – disse Ronaldo
Fonte: Diário de Petrópolis
Vinicius Henter
A emancipação de Itaipava representaria uma aberração administrativa! Como pode um distrito a 25 minutos do centro e completamente conurbado com os dois primeiros distritos querer se desmembrar!?! Quem conhece bem a dinâmica de Petrópolis, sabe que é uma característica sólida da cidade "polarização" de certos bairros afastados do centro exatamente porque este encontra-se a tempos estagnado devido aos tombamentos de caráter histórico e supervalorização imobiliária. Entre esses bairros poderíamos citar o Quitandinha, Bingen, Corrêas e Nogueira. A única questão que enaltece Itaipava é que este se tornou de fato um importante polo comercial acima dos demais, mas que também goza de diversas fundações públicas como o Parque Municipal que recebe muito dos mais importantes eventos da cidade. Assim, fica impossível negar que uma região depende da outra, fazendo que tantos os moradores da Itaipava usufruam dos serviços dispostos na região central quantos os moradores da região central usufruam dos serviços dispostos em Itaipava seja em caráter público ou privado. Dessa maneira, é impossível negar que uma área não vive socialmente sem a outra o que garante uma unicidade inerente ao conceito de cidade!
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