sexta-feira, 2 de maio de 2014

Corrupção já se tornou cultural em nosso país

Corrupção já se tornou cultural em nosso país
Por Carlos Letra - 01/05/2014, 10h04
 
Parece que todos já se deram conta de que a corrupção já se tornou cultural em nosso país. Ela tem história de 500 anos, mas só de pouco tempo para cá é que o povo, ainda que timidamente, passou a se inteirar um pouco disso, graça à autonomia da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU) e também da imprensa com suas conveniências. Mas, o que ainda uma boa parcela de nosso povo não deve ter percebido é que os chamados partidos de oposição têm conhecimento da existência de corrupção dentro de alguns  governos de suas siglas e silenciam como se nada estivesse acontecendo, como  o caso da vergonhosa corrupção que gerou pagamento de milionárias propinas na construção de trens e metrôs em São Paulo nos três últimos governos do PSDB. Não é difícil calcular que tal imoralidade já vem há muito tempo. A Assembleia Legislativa daquele estado foi impedida pelos parlamentares tucanos de instalar uma CPI para investigar tais denúncias. A oposição tem que fiscalizar sim. Tem que denunciar seja quais forem as ações que venham ser prejudiciais ao país e ao povo brasileiro que pagam seus impostos para que haja retorno em saúde, educação, transportes, segurança e outras coisas mais.
É salutar que a oposição se faça sempre presente em todas as ações do Executivo. Disso ninguém discorda. Desde que tais vigilâncias não se direcionem somente aos adversários. É preciso reconhecer as lambanças de alguns governos estaduais que pertencem a partidos oposicionistas e aos pequenos a eles agregados e, procuram defendê-los de unhas e dentes como se fossem verdadeiros santinhos, isentos de envolvimento com bandalheiras.
Há pouco mais de um mês, o Presidente Nacional do PSDB e presidenciável Aécio Neves, reuniu num almoço no Palácio Bandeirante, na capital paulista, presidentes de diretórios de todos os estados visando sua pré-candidatura. Naquele mesmo dia todos os veículos de comunicação denunciavam a corrupção dos superfaturamentos na construção de trens e metrôs de São Paulo no governo tucano, envolvendo várias empresas internacionais que criaram vergonhosos cartéis. Aécio, em momento algum fez a menor consideração a respeito. Geraldo Alckmin (PSDB-SP), atual governador, no dia seguinte lamentou o silêncio do seu correligionário político, por não ter, nem de leve, se manifestado no quilométrico discurso. Ficou em cima do muro, deu uma de Pilatos, lavando as mãos. Talvez, temeroso de que a aproximação poderia lhe causar algum estrago politicamente, mantendo-se distante, como ocorre quando alguém tem uma doença contagiosa. Eu diria que pode não ser contagiosa, mas que está se tornando endêmica, isto eu não tenho dúvidas, amigos leitores.
Agora com o chamado escândalo da Petrobras, o tucano Aécio tem bicado forte, ao lado dos senadores do mesmo ninho, como se estivesse encontrado a principal bandeira de sua campanha contra a mais forte adversária, Dilma Rousseff. No Senado, ele foi o primeiro a gritar contra a criação de uma CPI ampla para apurar as denúncias de corrupção do cartel que superfaturou a construção de trens e metrôs enriquecendo centenas de pessoas ligadas ao seu partido naquele estado. O objetivo é puramente eleitoreiro (já que a corrida eleitoral está se processando mesmo antes da hora). Evitar uma CPI ampla que abrange o caso Petrobras, trens e metrôs de São Paulo, e do Porto de Suape, em Pernambuco. O argumento é que recursos federais foram utilizados nas obras que agora estão sob suspeita de corrupção. Os dois temas atingem o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, prováveis adversários da presidente Dilma Rousseff nas eleições de outubro. Para evitar que seus telhados de vidros sejam quebrados, não aceitam que tudo seja colocado num só balaio. Querem dar mais visibilidade somente à compra pela Petrobras da refinaria americana Pasadena, que teria dado prejuízo de milhões de dólares a nossa empresa de petróleo.
Observem que já não se fala, pelo menos como antes, sobre a denúncia de corrupção em São Paulo. A chamada grande mídia está voltada somente para o caso da compra da Refinaria Pasadena, onde são apontados muitos envolvidos, por isso mesmo se tornando o assunto de maior visibilidade dentro e fora do país. Como já virou rotina, mal se inicia um pedido de abertura de uma CPI, a oposição joga para a esfera judicial para que seja anulada, solicitando uma Liminar para que primeiramente seja julgado o caso Petrobras e, separadamente, a corrupção em São Paulo. Como já disse aqui, tudo deve ser apurado doa a quem doer. Não importa se do lado do governo ou da oposição.O que não deve é conduzir tais questões de maneira puramente política para tentar subir nas pesquisas de opinião e mais, deixarem de lado seus programas de governo.
É bom lembrar que de fato há uma forte preocupação com o prejuízo eleitoral que a devassa na estatal causará, mas o governo acredita que a repercussão do tema tem data para terminar. Apostam que a investigação perderá força no começo de maio, com a escalação da seleção brasileira na primeira semana do mês que vem e, depois, com a concentração do time na Granja Comary, em Teresópolis, no Rio de Janeiro. Na sequência, a chegada das equipes estrangeiras e o início da Copa do Mundo também roubariam o espaço no noticiário e a atenção dos eleitores.
Já está definido que dos 13 integrantes, o PMDB terá quatro indicados, o PT outros quatro, o PSDB deve apresentar dois senadores e o DEM indicará um nome. O bloco liderado pelo PTB deve indicar dois. Um aliado do governo no Senado conclui: "Se não tiver mais novidades, a CPI vai se esvaziar. A oposição já conseguiu criar um fato político, sangrou o governo e colocou a presidente Dilma na roda. Agora não tem mais o que sangrar".
Os petistas já se movimentam no sentido de coletar assinaturas para instalar outra CPI no Congresso para investigar a Alstom e o cartel do Metrô em São Paulo, numa resposta direta ao PSDB. "Se a oposição pensa que vamos deixar de lado outras suspeitas, estão enganados. Já temos assinaturas para a CPI da Alstom na Câmara e vamos começar a coletar as assinaturas no Senado", disse o senador Humberto Costa. Ele, no entanto, é apologista de que o Senado recorra da decisão da ministra Rosa Weber para garantir a “independência e a autonomia entre os Poderes”.
Nova pesquisa
Pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em parceria com a MDA, divulgada nesta terça-feira (29) mostra queda da petista, apontando chance de realização de segundo turno em outubro. Dilma tem 37%, Aécio Neves 21,6% e Eduardo Campos, 11,8%.
Haja munição para esta guerra.

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