segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Chico Buarque: A história da intolerância política que tão de perto nos rodeia

Chico Buarque: A história da intolerância política que tão de perto nos rodeia

O homem nunca esteve tão raivoso, exibindo uma intolerância beirando à taxa zero, envolto num mau humor que rotulamos criativamente como ‘mau humor crônico’. Mudar é preciso!

Publicado por Fátima Burégio - 2 dias atrás
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Lemos com muita atenção várias reportagens fazendo menção ao encontro do cantor Chico Buarque de Holanda com vários rapazes do Leblon no Rio de Janeiro há poucos dias.Clique aqui.
O encontro, que poderia ter sido baseado num nível elevado de debate acerca de diferenças políticas, foi um verdadeiro fiasco, deixando nítido que o brasileiro, mesmo sendo rotulado como um povo flexível, bonzinho e cativante; na verdade está bem longe desse referencial. Isto porque foi muito doloroso assistir as cenas vexatórias envolvendo o cantor brasileiro sendo hostilizado por um grupo de rapazes de classe média alta, numa madrugada em pleno Leblon. As cenas nos deixaram contrariados.
Sempre costumamos afirmar que por mais educado, sereno e equilibrado seja o homem, em dado instante esse ser frágil poderá mostrar um momentâneo desequilíbrio e exibir sua outra e desconhecida face. Não dá para viver um ‘BBB’ em tempo integral. Uma hora a capa cai!
Bom é o ser humano procurar ser ele mesmo em todos os momentos, ainda que isto custe um alto preço.
Mesmo cara e espinhosa, a transparência deve - ou deveria - ser um alvo a ser perseguido pelo faltoso homem.
Assim, ficamos surpresos com a 'saia justa' desnecessária, imposta ao cantor, quando vários jovens mostraram-se contrariados pelo simples fato do artista ser simpatizante de um determinado partido político.
Também não comungamos com a escolha do Chico Buarque, mas nem por isto o apedrejamos ou o hostilizamos.
Respeitamos sua escolha e isto basta!
Sabemos que o homem, livre por natureza, tem (ou deveria ter) a liberdade de fazer suas próprias escolhas e isto em quaisquer áreas de sua vida.
No entanto, o que temos presenciado nos dias hodiernos é uma sociedade inflexível, altamente intolerante e que não suporta ser contrariada, e isto em várias esferas dos relacionamentos humanos.
Não dá para suportar, emudecidos, certas tendências. Mudar é preciso. Precisamos ser mais polidos, mais educados, mais tolerantes.
A mente vagueia e lembramo-nos do tempo em que frequentávamos campos de futebol. Sim, íamos aos estádios com nossa família. Hoje, sequer a ideia é ponderada na mente. A agressividade e a intolerância tomou conta dos torcedores e dizer que torce por este ou aquele time também pode render uma grande discussão com um final nada agradável. Melhor evitar. Prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém!
O homem nunca esteve tão raivoso, exibindo uma intolerância beirando à taxa zero, envolto num mau humor que rotulamos criativamente como ‘mau humor crônico’.
O que fizeram com o mito Chico Buarque foi deselegante, feio, mal educado e, como não bastasse, em dado momento da acalourada discussão, incitaram o astro a dizer com suas palavras: Eu sou um m*!
Ora, o Chico não é e nunca foi um m*!
Respeito é bom, e ele gosta!
Na realidade, o cantor e compositor é detentor de um crânio pensante de alto nível, é um homem culto, fino. Verdadeiramente é um presente para os brasileiros poderem abrir a boca e dizer que tem talentos como o Chico Buarque de Holanda.
Entretanto, deve haver o direito do artista se filiar ao partido político que ele achar mais conveniente e interessante, afinal esta é uma escolha íntima e que diz respeito apenas a ele. Não podemos infiltrar nossas preferências partidárias às escolhas alheias.
No fundo, ficamos tristes e envergonhados com o episódio envolvendo o artista, e aproveitamos a oportunidade para rogar o perdão ao Chico Buarque de Holanda, fazendo menção a uma frase bem oportuna, constante numa inesquecível canção de sua autoria e que deveria ser dita pelo artista no momento daquela discussão:
- Pai, afasta de mim este cálice!
Assim, seguindo esta linha, dirigimos um clamor a Chico em referência aos jovens do Leblon:
- Perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!

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