21/08/2012 17h31
- Atualizado em
21/08/2012 19h51
Lembra Dele? Leandro Amaral trabalha como voluntário nos EUA
Revelado pela Portuguesa, com passagens por outros grandes de São Paulo e do Rio, ex-atacante dá aulas de futebol em Orlando
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Leandro Amaral com a família: qualidade de vida melhor em Orlando (Foto: Reprodução / Facebook Oficial)
- Trabalho na Rush, que tem de 4 a 5 mil alunos, meninos e meninas, de 2
a 19 anos. Lá tem quatro campos de futebol, parece um CT. Eu ajudo os
professores com as turmas de 7 e 8 anos e 14 e 15 anos. Não posso
receber ainda, porque não tenho o visto de trabalho, mas acabei de dar
entrada para conseguir. Acredito que em uma, duas semanas, já devo ter
uma resposta. Quero continuar dando aula. Já abri a minha empresa
também, mas estou fazendo tudo muito com o pé no chão. Talvez pense em
uma parceria com algum clube, como agente de jogadores, no futuro. Mas
estou chegando agora. É uma nova etapa da minha vida. Estou curtindo
mais as crianças, participando mais. Estamos a cinco minutos da Disney, é
o quintal da nossa casa. Estamos adorando - contou o ex-jogador.
Jogador com a mulher, Tatiana, e os filhos trigêmeos
(Foto: Reprodução / Facebook Oficial)
Apesar de ainda trabalhar com futebol, Leandro mudou bastante sua
rotina. Sem Green Card (documento que permite a permanência de um
estrangeiro nos Estados Unidos por tempo indeterminado), o ex-jogador de
35 anos se viu de volta à sala de aula. Para entrar no país, conseguiu
o visto de estudante. De segunda a sexta-feira, dedica suas manhãs a
estudar inglês. À tarde, leva os filhos para o colégio e segue para a
escolinha de futebol, onde ajuda os professores das 17h às 20h.(Foto: Reprodução / Facebook Oficial)
Casado há 13 anos com Tatiana e pai de trigêmeos de 7 anos, Leandro Amaral conta que a decisão de mudar de país já era antiga.
- Minha esposa morou na Califórnia por dois anos, quando a gente não se conhecia ainda. No Brasil, ela sempre falava de vir morar aqui. Dizia que era muito legal, que tinha qualidade de ensino para os nossos filhos, uma cultura completamente diferente. Mas eu não podia, porque ainda estava jogando. Quando parei, decidimos vir. Mas só estamos aqui há cinco meses. Está sendo muito bom para as crianças. Elas terminaram o semestre na escola e já estão falando inglês muito bem. Eu estou engatinhando. Fico perguntando o que quer dizer isso, aquilo. Eles me ajudam. Estou ralando ainda (risos) - brincou.
Revelado pela Portuguesa, com passagens por outros grandes clubes - são mais de dez no currículo -, o ex-atacante lembra com saudade da carreira e garante que só parou porque não tinha mais condições físicas. Em 2010, Leandro assinou com o Flamengo depois de ficar um ano sem jogar. Ele havia feito uma artroscopia no joelho direito em 2009, que teria um período inicial de recuperação de um mês. Porém, uma infecção causada por um fungo aumentou o tempo de tratamento para seis meses (sendo dez dias de internação e seis semanas com um cateter para receber fortes antibióticos). O jogador diz que nunca mais voltou a ter um desempenho 100%.
Zico levou Leandro Amaral para o Flamengo
(Foto: André Durão / Globoesporte.com)
- Eu gostaria de jogar ainda, mas tive um problema muito sério.
Incomodava bastante, não conseguia mais render nos treinos. Cansei
disso, de entrar em campo, de as pessoas te cobrarem e você saber que
não consegue render o que se espera. Ninguém entendia, mas era uma dor
muito forte, de chegar em casa depois do treino e só conseguir ficar
deitado, sem se mexer. Quando saí do Flamengo, várias pessoas me ligaram
dizendo que queriam que eu continuasse jogando. Mas doía muito, não ia
valer a pena tentar de novo. Para continuar a jogar, teria de ter uma
programação especial para mim. Não poderia fazer saltos no treino, por
exemplo. É difícil um clube aceitar isso. Eu mesmo não ia me sentir bem -
disse.(Foto: André Durão / Globoesporte.com)
O fim da carreira, no entanto, não foi do jeito que Leandro sonhava. Contratado para jogar no Flamengo pelo então diretor-executivo Zico, o ex-atacante acredita que sofreu por tabela com os problemas de relacionamento do dirigente com a presidente do clube, Patricia Amorim. Mesmo a troca de treinador, com a saída de Silas e a chegada de Vanderlei Luxemburgo, não deu certo. Leandro deixou a Gávea, por vontade própria, em menos de três meses, depois de ter participado de apenas quatro jogos, três deles como titular, e não ter feito gols.
- Foi o problema com o Zico. Ele que me levou, deu todo o apoio, mas teve problemas com a Patricia. Eles dividiram: "Se foi o Zico que trouxe, então não vou colocar." Joguei pouquíssimos jogos, foi tudo muito rápido. Quando ele saiu, não fui mais escalado. Ficou muito na cara. Não tive mais contato com ninguém. Só depois percebi o que estava acontecendo. Falei com o Luxemburgo e mais alguém que não me lembro, e eu mesmo pedi para sair. Eu não precisava daquilo. Sei das minhas condições, que poderia ajudar. Treinar e ir para casa? Prefiro ficar em casa, não vou perder meu tempo - afirmou.
Briga judicial com o Vasco: 'Pior momento da minha carreira'
Em 2008, o atacante foi obrigado a voltar
a jogar pelo Vasco (Foto: Ag. O Globo)
Leandro Amaral lembra com carinho do início da carreira na Portuguesa,
mas diz que seu melhor momento foi no Vasco. O melhor e também o pior.
Depois de se destacar no Brasileiro de 2007, o ex-atacante conta que
viveu dias que gostaria de esquecer. Quando o seu contrato estava perto
de expirar, o presidente Eurico Miranda fez a renovação automática,
usando uma cláusula que constava no documento assinado por ambos.
Leandro tinha interesse em uma proposta do Kashima Antlers, do Japão.
Mas, segundo ele, o dirigente do clube carioca não quis liberá-lo. A
questão foi parar na Justiça. O atacante conseguiu uma liminar para
deixar a Colina e assinou com o Fluminense. Cerca de dois meses depois,
porém, o Vasco anulou o recurso, o que obrigou o jogador a voltar a São
Januário, onde ficou até o fim de 2008, quando se transferiu de vez para
o Tricolor (assista abaixo ao vídeo com gols de Leandro Amaral com a camisa cruz-maltina).a jogar pelo Vasco (Foto: Ag. O Globo)
Leandro Amaral jogou menos de um ano
pelo Fluminense (Foto: Photocamera)
Em 2009, Leandro fechou em definitivo com o Fluminense, onde jogou até
julho, quando se submeteu à cirurgia no joelho. Para ele, foi um clube
muito importante para sua carreira. Tanto que parou para pensar por
alguns segundos quando questionado sobre sua resposta em caso de uma
nova proposta do Tricolor.pelo Fluminense (Foto: Photocamera)
- Eu gostaria muito de poder voltar, sempre tive um bom relacionamento com o Fluminense, o patrocinador. É um clube ótimo de se trabalhar. Mas não sei se aceitaria. Sempre gostei de treinar certinho, forte, para chegar bem no fim de semana. Não seria mais assim, ia ser diferente. Eu já estava percebendo que não estava bem, mesmo no Flamengo. Perdia bolas bobas, por dor. Você já sai tirando o pé na hora do drible, não tem a mesma rapidez. Aí o zagueiro recupera, coisa que você sabe que não aconteceria se estivesse bem - afirmou.
Tatiana: esposa, conselheira e até empresária
Eu me sinto realizado, feliz. Não me arrependo
de nada."
de nada."
Leandro Amaral
- Além de casados, somos parceiros. Decidimos tudo juntos. Num determinado momento da carreira do Leandro, percebemos que podíamos lidar sozinhos com a vida profissional dele. Quando algum clube tinha interesse, o presidente ou responsável ligava para nós. Até hoje é assim. Há muita controvérsia no meio do futebol. Nada como negociar direto com quem manda. Tudo fica esclarecido, sem dúvidas. O Leandro gostava de jogar no Vasco, fazia gols praticamente em todos os jogos. Foi difícil ouvir tantas mentiras que diziam a respeito dele. Nem sempre o que ele pensava era passado para o dirigente do clube. Realmente foi triste o que aconteceu - lamentou Tatiana.
Leandro lembra que temeu um pouco pela reação da torcida quando voltou a vestir o uniforme cruz-maltino. Uma grande parte dela o havia chamado de "traidor" quando foi para o Fluminense.
- O torcedor enchia um pouco o saco, mas, no meu primeiro jogo, dei um passe para o Edmundo e fiz um gol. O pessoal esqueceu na hora. O torcedor não tem noção nenhuma do que acontece nos bastidores - disse, citando a partida contra o Corinthians-AL, pelas quartas de final da Copa do Brasil de 2008, quando Edmundo pediu aplausos da torcida para o companheiro de time.
As lembranças são muitas, mas, aos 35 anos, Leandro Amaral não pensa em voltar para o Brasil.
- Eu me sinto realizado, feliz. Não me arrependo de nada. Joguei nos melhores times do Brasil, cheguei à Seleção, disputei a Copa das Confederações, eliminatórias da Copa do Mundo. Não tenho do que reclamar. Pode ser que eu volte no futuro, mas a decisão de vir para cá não foi do dia para noite. Foi certa e segura. Vim para ficar.
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