quinta-feira, 16 de novembro de 2017
Rio de Janeiro deixou de arrecadar R$ 183 bilhões devido a "confraria do crime", diz a Policia Federal
Segundo delegado da Lava Jato no Rio, valor desviado em esquema de Cabral com Alerj e empresários equivale à arrecadação do estado ao longo de 4 anos
Nova fase da Operação Lava Jato no Rio mirou deputados estaduais envolvidos em esquema com empresas de transportes.
O estado do Rio de Janeiro deixou de arrecadar R$ 183 bilhões nos últimos anos devido ao esquema de corrupção envolvendo integrantes do governo estadual, da assembleia legislativa (Alerj) e grandes empresários. Esse valor equivale a quase quatro vezes a arrecadação prevista para o estado ao longo de todo o ano de 2017 (R$ 46,9 bilhões). O balanço foi divulgado nesta terça-feira (14) durante entrevista coletiva sobre a Operação Cadeia Velha, nova fase da Lava Jato que mirou pagamento de propina de empresas do setor de transportes a deputados estaduais.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem, um dos integrantes do grupo da Operação Lava Jato no Rio, esse desvio extratosférico ocorreu num espaço de tempo de apenas cinco anos e decorreu da aprovação de projetos no Legislativo fluminense que interessava às empresas corruptoras.
"O conluio criminoso se traduz em excessivos benefícios fiscais em favor de determinadas empresas, fazendo com que o estado, num período de cinco anos, deixasse de arrecadar mais de R$ 183 bilhões, ocasionando no atual colapso das finanças do Rio de Janeiro, com esse efeito avassalador dacorrupção sistêmica na administração pública", afirmou o delegado.
Também na entrevista sobre a Operação Cadeia Velha, o superintendente da Polícia Federal no RJ, Jairo Souza da Silva, afirmou que integrantes do governo do estado, da Alerj e grandes empresários constituíram "uma grande confraria do crime organizado".
"É possível verificar que não há um chefe mor, mas sim um comando horizontal de uma grande confraria do crime organizado no estado do Rio de Janeiro, mantida por agentes públicos do Executivo, do Legislativo e de grandes empresários. O estado vem sendo saqueado por esse grupo há mais de uma década, resultando na falência moral e econômica do estado. Com salários atrasados, hospitais sem condições, uma polícia sucateada e a violência que agonia a todos nós dia após dia", disse Souza da Silva.
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