Historicamente, a fundação de uma nação ocorre a partir da identidade
de pelo menos alguns de seus elementos. Uma vez fundada, constituem-se
representações dos mais diversos setores com interesses e demandas
específicas, cujo objetivo é dar conta da multiplicidade e da diferença,
típicas do ser humano.
Historicamente, temos no Brasil uma nação já fundada, apesar da luta
permanente para constituição de representações que deem conta de nossa
diversidade, que nos represente na nossa multiplicidade de raças,
valores, origens, costumes, interesses, diferenças sociais, políticas,
ideológicas, etc. Em nenhum momento de sua história, entretanto,
assistimos à uma ruptura efetiva de suas representações, capaz de exigir
a fundação de mais de uma nação.
Historicamente, temos visto cidadãos e cidadãs em luta permanente
para que as nossas instituições deem conta de nossas diferenças, de
nossa multiplicidade de interesses, e que ao mesmo tempo exprima nossa
identidade, que seja capaz de nos representar e nos fortalecer junto aos
vários setores do poder público.
Historicamente, temos visto também que apesar da abnegação de alguns,
freqüentemente nos sentimos retroagindo na história, como se tivéssemos
que começar tudo novamente. Nos vemos com irresistível capacidade de
nos isolarmos e assim ficamos enfraquecidos, impossibilitados de
enfrentar os desafios.
É o que nos ocorreu ao ler matéria do jornal Folha de São Paulo,
edição de 5 de agosto de 2012, sobre a Câmara Municipal de nossa cidade:
“mais de 80% dos projetos são homenagens, batismos de ruas e mudanças
no calendário”. E o pior, a maioria dos vereadores concorre à reeleição.
Por que não reverter essa situação?
Por que não nos valermos dessa ausência de representação ampla, dessa
falta de participação, dessa carência de identidade, e tentarmos algo
novo?
É o que pensamos. É o que almejamos.
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